A chegada de julho, e dos dias quentes, traz consigo memórias de outros tempos. Tempos em que as férias duravam 3 meses, tempos sem preocupações, de tardes que pareciam infinitas. Só tu e a tua consola.
Acredito que existe uma magia especial entre os videojogos e as férias de verão. Algumas das melhores memórias que tenho com jogos foram passadas nesta época, em sessões de jogo com temperaturas abrasadoras, depois de uma manhã de praia.

Fallout 3 surgiu numa dessas tardes, qual paixão assolapada da estação quente. Corria o ano de 2008 e eu tinha acabado o secundário. Eram as últimas férias antes da triunfal (e assustadora) entrada para a faculdade. Estava em casa do meu pai e o meu primo, que lá tinha ido passar uns dias, falava-me de um jogo novo, que tinha adorado, mas que não saberia se eu ia compreender. Era um RPG, dizia ele. Complexo, com muitos menus e muita história. Sabia lá eu, na altura, do que ele estava a falar.
As dúvidas dissiparam-se quando, muito surpreendida, percebi que podia jogar com uma protagonista feminina. Estava rendida a esta nova coisa! Calcei os chinelos e lá me pus a caminho da loja de jogos. Lembro-me de olhar para a capa, ler a contracapa e decidir-me por aquela que viria a ser a minha nova aventura. Mal sabia eu que, ali, estava a descobrir um dos géneros, e séries, que passariam a ter um lugar especial no meu coração de gamer.

Descobrir o mundo destruído do jogo da Bethesda foi uma memorável aventura de verão – as tardes foram religiosamente passadas a progredir na história, a passar cada zona a pente fino, a descobrir os Blues e a perder-me nos meandros de um RPG. Relembro como se fosse hoje, a sensação de curiosidade, o calor que se fez sentir naqueles dias e de como, sentada no chão em frente à televisão, me perdi e voltei a perder, sem horas ou agenda para mais nada.
A verdade é que, passado mais um ano, me vi a reviver estas duas semanas intensas e a relembrar, com exatidão, as sensações vividas. É um ritual cíclico, que chega de fininho, e traz consigo a lufada de nostalgia que nos põe a pensar – e a escrever – sobre tempos mais simples, com jogos que ainda tinham manuais (teve de ser!).
Quem adora videojogos, jamais fica indiferente a este poder incrível que têm: o poder de nos marcar e associar-se a períodos da nossa vida, criando doces memórias que perduram de forma vívida no tempo.

Não posso ser a única – vou aqui relembrar a história do Canelo com Final Fantasy – e, por isso, passo o repto. Façam comigo uma viagem à “memory lane” e revelem quais são os vossos “jogos de verão”.
Agora, desculpem, mas preciso sair do Vault, reencontrar a Moira em Megaton e voltar a purificar toda a água do planeta. Tudo isto, ali antes das 18h, porque hoje há GLITCH e a vida adulta é impossível de ignorar. Ah, que saudades daquelas férias de verão!